domingo, dezembro 17, 2006

ordem de cister

Fixada em Portugal desde o século XII, a Ordem de Cister acompanhou a formação do território e a afirmação política da primeira dinastia. Estendendo progressivamente os seus mosteiros nas regiões centro e norte graças à especial protecção régia, os monges brancos contribuíram de forma decisiva para a colonização e desenvolvimento das vastas áreas que ocuparam, aplicando técnicas agrícolas inovadoras e intensivas e, sobretudo, uma grande disciplina de organização do espaço.

Os conjuntos monásticos, que seguiam métodos de implantação e distribuição espacial muito semelhantes, revelam também partidos arquitectónicos e construtivos afins, o que lhes confere um inegável ar de família. Muitos deles conservam, ainda hoje, importantes espólios artísticos que incluem azulejaria e pintura, talha dourada, ourivesaria, escultura e outros testemunhos da evolução da arte portuguesa ao longo dos últimos séculos.

É, no entanto, a privilegiada relação com a paisagem que os torna, aos nossos olhos, singulares. Se os mosteiros de Cister conseguiram transformar as envolventes, mercê do desbravamento de terras e da planificação de engenhosos sistemas hidráulicos, com encanamento e encaminhamento de caudais, construção de enormes condutas subterrâneas ou regularização das margens de rios e ribeiras, eles fazem actualmente parte integrante de unidades paisagísticas mais vastas, às quais dão um valor acrescido que importa preservar e valorizar.

Santa Maria de Alcobaça, Alcobaça, Leiria

O mosteiro de Santa Maria de Alcobaça tornou-se, desde a sua fundacão em 1153, casa-mãe da Ordem em Portugal. Obra maior do primeiro gótico nacional, conserva daquela época o edifício da igreja, de três naves, deambulatório e capelas radiantes, o dormitório, o refeitório e o claustro de D. Dinis.

Sucessivamente alterado e ampliado, com especial incidência nos séculos XVI e XVII, quando se construíram novos claustros e se barroquizou a frontaria, deu origem a um conjunto monumental que constitui, actualmente, o mais importante dos testemunhos cistercienses em toda a Europa.

Imagem ampliada
Santa Maria de Alcobaça

Frei Bernardo de Brito (Almeida, 1569 - Almeida, 1617)

monge da Ordem de Cister, historiador português.

Antes de professar votos na Abadia de Alcobaça, chamava-se Bartasar de Brito e Andrade.

Estudou em Roma e em Florença, tendo-se doutorado em Teologia pela Universidade de Coimbra.

Após o falecimento de Francisco de Andrada, cronista-mor de Portugal, foi nomeado como seu sucessor no cargo. Iniciou um projeto para redigir uma monumental História de Portugal em oito volumes, desde as suas origens até à sua época (a Monarchia Lusitana), do qual publicou o primeiro volume em 1597 e o segundo em 1609. Após a sua morte, a obra foi continuada até ao quarto volume por Frei António Brandão.

Frei Bernardo de Brito escreveu ainda:

  • a primeira parte da Crónica de Cister (Lisboa, 1602);
  • o Elogio dos Reis de Portugal (Lisboa, 1603); e
  • a obra poética Sílvia de Lisardo (Lisboa, 1597).

Principal discípulo de Paulo Orósio no âmbito da cultura portuguesa, foi o primeiro a tentar superar os limites fragmentários da crónica. Entretanto, é acusado por historiógrafos e historiadores, principalmente a partir de Alexandre Herculano, de ter interpretado os fatos históricos à luz do misticismo e da lenda, e mesmo de ter falsificado documentos à época.


Frei António Brandão (1584-1637)

monge da Ordem de Cister, historiador português.

Considerado como o primeiro a tentar uma história científica de Portugal, trabalhou no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, ligando o seu nome ao primeiro grande estudo sobre História de Portugal: a Monarchia Lusitana, em quatro volumes. Nesta tarefa, sucedeu a Frei Bernardo de Brito (1569-1617), cronista-mor do reino, autor dos dois primeiros volumes. Após o seu falecimento, Frei António Brandão redigiu e publicou a terceira e quarta partes da obra.

Existe outro Frei António Brandão, cujo nome se liga ao governo da Índia portuguesa, como interino, entre 1678 e 1681.

a saber...

Deambulatório

O Deambulatório é uma obra complexa, a sua estrutura interior - o presbitério, propriamente dito - articula-se com a nave por intermédio de duas paredes opostas, rectas, marcadas por dois pilares nos extremos e de cada lado; oito colunas de grande diâmetro e robustez com capitéis de cesto troncocónico côncavo e ornamentação vegetalista muito simplificada, sustentam arcos quebrados muito aperaltados; a abóbada, nervurada e ligeira, parte de meias colunas cuja raiz se situa acima daqueles capitéis. A parte exterior do Deambulatório é dotada de uma abóbada mais pesada e de acordo com os sistemas mais simples utilizados no restante edificio.

Dormitório

O Dormitório dos monges é constituído por três naves e onze tramos acrescidos de mais dois no topo que ocupa o andar superior.

Ao fundo aínda existe um pouco de uma escada que se prolongava até à igreja onde eles iam durante a noite de duas em duas horas rezar.

Sala do Capítulo

A sala do Capítulo, uma das dependências mais importantes na hierarquia funcional da Abadia, reporta-se a um período em que o templo já existia - meados do século XIII - e revela um estado mais avançado dos trabalhos sendo estruturada por quatro pilares centrais, com seis colunas enfeixadas, capitéis de cesto mais alto ornados com temas vegetalistas com «crochets» em dois andares, de onde partem radialmente as nervuras de secção mais complexa com duplo toro boleado.

A sala do capítulo é onde o monge mais importante lia um livro onde estava escrito como devia de ser o comportamento dos monges dentro do mosteiro

Claustro de D. Dinis

O Claustro de D. Dinis constituído por dois registos com quatro alas de tramos marcados por contrafortes de andares. No registo inferior arcada rebaixada contendo arcos plenos, tribolados, e quebrados, sobre colunas grupadas com capitéis vegetalistas, encimados por óculos; galerias abobadadas com cruzarias de ogivas apoiadas em mísulas. O registo superior abre para a quadra por arcos plenos duplos e triplos sobre colunas assentes no parapeito.

Claustro de D. Afonso VI

O Claustro de D. Afonso VI tem dois andares, uma sala rectangular procedida por galeria com cinco arcos e duas salas abobadadas em aresta.

O interior do edifício demonstra a existência de um gótico avançado, o exterior do edifício exprime a austeridade cisterciense, neste caso orientada para objectivos mais pragmáticos. De facto, como aconselhava a regra, não existem torres, e as fachadas, nomeadamente o frontispício possuía apenas uma parede lisa com empena triangular. As paredes são contrafortadas, exceptuando a cabeceira, na qual surgem pela primeira vez arcobotantes na arquitectura portuguesa. A coroação do templo, pelo exterior, é composta por merlões com topo biselado dos dois lados, sobre um parapeito que descansa numa fiada de modilhões. Esta característica confere ao conjunto uma solidez militar um ar de fortaleza.

Estes e outros aspectos poderão desmentir a escassa influência do Mosteiro de Alcobaça na história da arquitectura portuguesa. De facto, o monumento tem sido sempre encarado como uma excepção no quadro do modo gótico produzido em Portugal como uma peça única e experimental sem antecedentes nem descendentes.

Caracterização arquitectónica do mosteiro de Alcobaça

Trata-se de uma estrutura de planta em cruz latina. A actual fachada é do século XVIII, restando do gótico primitivo o portal de arcos ogivais e o arco da rosácea. A concepção arquitectónica deste monumento, desprovida de decoração e sem imagens, como ordenava a Ordem de Cister, apresenta uma grandiosidade e beleza indiscutíveis. As naves central e laterais são inteiramente abobadadas, praticamente da mesma altura, dão a sensação de amplo espaço, a que o processo de iluminação, românico ainda, dá pouca luz e o torna maior. As naves laterais prolongam-se pelo deambulatório, e da charola irradiam nove capelas que acompanham a ábside circular, iluminada por frestas altas, o que realça o altar-mor.

A segurar a parte alta da abside existem arcos-botantes, pouco vulgares nas abadias de Cister, talvez por ser um monumento de transição entre o românico e o gótico. As inovações típicas da arte gótica aparecem ainda com o aspecto de um ensaio, como por exemplo a subida das naves laterais atè à altura da central. O transepto apresenta-se com duas naves, mas quando olhamos a planta da igreja, reconhecem-se três, nos alicerces e no corpo central. Contíguo à sacristia fica o Jardim das Murtas, onde em 1690 foi construída a capela de Nossa Senhora do Desterro, com uma bela fachada barroca. A parte térrea do claustro foi mandada construir por D. Dinis, e é o mais antigo claustro cisterciense de Portugal. Do lado norte do claustro, e ligado a ele, situam-se o refeitório com um púlpito, com uma escada na parede, e a ampla cozinha onde se assavam reses inteiras.


o que é um mosteiro?

Mosteiro é um termo derivado da palavra grega "μοναστήριον" monastērion. Indica a habitação e o local de trabalho de uma comunidade de monges ou freiras. Os mosteiros budistas são chamados Vihara (embora no budismo tibetano possa ser usado o termo "gompa"). Os mosteiros cristãos ocidentais também são chamados de abadia, priorado, convento cartuxo, convento de frades, e preceptoria, enquanto a habitação de freiras também pode ser chamada de convento. A vida comum de um mosteiro cristão é chamada cenobitic, ao contrário do anacorético (ou anchoritic) a vida de um anacoreta e a vida eremítico de um eremita.

o que é um monge?

Monge (feminino: monja) é uma pessoa devotada à vida monástica e clausural. A tradição monástica está presente em várias religiões do mundo: budismo, jainismo, taoísmo, lamaísmo e cristianismo. Reside em mosteiros. Segue uma vida de desapego aos bens materiais

mosteiro de alcobaça - a história

tal como prometi, dei inicio a uma pesquisa sobre a origem de alcobaça e de alguns dos monumentos que a distinguem historicamente das outras cidades.
assim, começo hoje, um de vários episódios desta pesquisa:

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Patrimônio Mundial da UNESCO
Mosteiro de Alcobaça
Fachada do mosteiro antes da requalificação de 2005
Informações
Inscrição:1989
Localização:39º 32' 54" N 8º 58' 48" O
Critérios:C (i) (iv)
Descrição UNESCO:fr en
Patrimônio em Portugal

O Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça (também conhecido como Mosteiro de Alcobaça, é a primeira obra plenamente gótica erguida em solo português. Foi fundado em 1178 pelos monges de cister.

No final do século X organizou-se em Cluny, na Borgonha, um novo mosteiro beneditino que procurava renovar a regra de S. Bento. As igrejas cluniacenses eram cheias de belos elementos decorativos. Contra estas manifestações de gosto pela beleza natural, insurgiu-se Bernardo de Claraval, que se recolhera em 1112 em Cister, donde saíra para fundar a Abadia de Claraval e animar mais uma reforma que restituísse à ordem de S. Bento todo o rigor inicial. Os religiosos de Cister deviam viver do seu trabalho, não acumular riquezas, e os mosteiros seriam edificados em lugares ermos, sem qualquer decoração. Enquanto D. Afonso Henriques se empenhava na Reconquista, chegaram ao território português os monges de Cister que fundaram o Mosteiro de São João Baptista de Tarouca em 1140. Diz a lenda que o nosso primeiro rei doou parte das terras da região de Alcobaça a S. Bernardo, em cumprimento da promessa feita quando da conquista de Santarém. Se se comparar a planta do Mosteiro de Alcobaça com o da segunda igreja de Claraval, temos que tem o mesmo desenho base. É de cerca de 1152 a construção provisória do mosteiro, e é conhecida no mesmo ano uma referência ao seu abade e a respectiva carta de couto é do ano seguinte.

Os primeiros monges, monges brancos, tiveram uma acção civilizadora notável: em 1269 abrem a primeira escola pública. No tempo do geral Fr. Sebastião de Sotomaior tomaram grande incremento as oficinas de imaginária da Abadia. Também desempenharam acções de assistência e beneficiência através da enfermaria e portaria.