domingo, maio 27, 2007

Hugo Marçal


Hugo Marçal está em vias de ser admitido a frequentar o curso de auditor de justiça do Centro de Estudos Judiciários.
O nome do arguido no processo de pedofilia da Casa Pia vem publicado no Diário da República de 16 de maio, entre centenas de candidatos a frequentar a escola que forma os juízes portugueses.
Mas, ao contrário dos outros, Hugo Marçal não vai prestar provas.
Pelo facto de ser doutor em Direito - grau académico que terá obtido em Espanha - está, por lei, «isento da fase escrita e oral» e tem ainda
«preferência sobre os restantes candidatos».

Resultado: o advogado de Elvas está na prática à beira de ser seleccionado para o curso que formará a próxima geração de magistrados.

O nome de Hugo Manuel Santos Marçal surge na página 4961 do Diário da República, 2.ª série, com o número 802, na lista de candidatos a ingressar no CEJ.
Se concluir o curso com aproveitamento e iniciar uma carreira nos tribunais - primeiro como auditor de justiça, depois como juiz de direito - Marçal terá também o privilégio de não ser julgado num tribunal de primeira instância.

este é um dos casos que me incomoda muitissimo.
de facto, o facto de ser arguido não o torna culpado - claro que não!
o facto de ser arguido não lhe deve tirar o direito de tentar progredir na carreia - claro que não!
mas o crime que o leva ao estatuto de arguido é muito, muito grave.
As suspeitas de envolvimento têm de se traduzir (ou não) em provas reais e concretas e num curto espaço de tempo.
o prolongamento interminavel deste julgamento prejudica o arguido (pois continua na mira de todos nós, em matéria de julgamento público) e prejudica o próprio sistema judiciário que, mais uma vez se mostra incapaz de resolver em tempo útil, um caso gravissimo da nossa sociedade.

a mim, não cabe julgar o arguido, nem mesmo como ser humano. e porquê? porque nem a própria justiça se tem mostrado capaz de o fazer mas, enquanto cidadã cabe-me julgar a competência e celeridade deste nosso sistema judicial.

meus amigos - aqui dou nota 0.

4 comentários:

ANTONIO DELGADO disse...

Estimada Lucia,

Já conhecia esta treite realidade e de verdade que é de lamentar.
um abraço
António

Lúcia Duarte disse...

lamentar, criticar e passar a palavra.
só com o erguer da voz dos conscientes podemos tentar inverter algumas das situações.
há que acordar os dormentes e inertes

Alcobacense disse...

Esse senhor Hugo Marçal foi arguido em que processo? Casa quê?
Já não me lembro bem... Deixou de se falar...

Lúcia Duarte disse...

OLÁ ALCOBACENSE
tem razão em questionar a justiça portuguesa neste e noutros casos.
mas pense assim - quantos casos de pedófilia existem nas barras dos tribunais? e ouve falar deles?
e neste ouve-se falar porquê? porque estão figuras públicas metidas no assunto?